O presidente Michel Temer admitiu a possibilidade
de incluir uma emenda na proposta de reforma da Previdência, em tramitação na
Câmara, estabelecendo prazo de seis meses para que Estados e municípios
promovam mudanças nos sistemas de aposentadoria dos servidores. A sugestão foi
feita pelo deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) e contou com a simpatia de
Temer.
Pauderney foi anfitrião de um almoço que, além de
Temer, reuniu os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado,
Eunício Oliveira (PMDB-CE). Na semana passada, Temer decidiu excluir
funcionários públicos estaduais e municipais da reforma enviada pelo governo à
Câmara. Fez isso após sofrer forte pressão de deputados da base aliada, que
ameaçam votar contra a proposta.
No almoço oferecido neste domingo, 26, porém, o
presidente concordou com a ideia de que Estados e municípios tenham um prazo
para se adequar às mudanças no sistema previdenciário. "Eu disse que seis
meses, a partir da aprovação da reforma, é um prazo razoável. O presidente
achou a ideia bem interessante e disse que vai encaminhá-la", contou
Pauderney. Mesmo assim, Temer afirmou que não cederá a apelos para mexer nem na
idade mínima para aposentadoria nem nas regras de transição.
Acompanhado de vários seguranças, Temer chegou à
casa do deputado por volta das 13h30 e ficou lá durante duas horas. A estrela
do cardápio era o peixe tambaqui, mas também havia carnes de Goiás. Oito dias
após a deflagração da Operação Carne Fraca, o presidente fez questão de ir até
a churrasqueira, instalada no quintal, e provar um pedaço do bife ancho, corte
de origem argentina. "Mas esse era de Goiás", insistiu o anfitrião.
Terceirização
Além da reforma da Previdência, os convidados
também trataram do projeto de lei que regulamenta a terceirização. Na conversa,
Temer avisou que deve sancionar a proposta aprovada na última quarta-feira pela
Câmara por avaliar que o texto -- mesmo não sendo o ideal - dá segurança
jurídica para empregados e empregadores. Disse, porém, que algumas mudanças na
terceirização podem ser incluídas na reforma trabalhista, hoje na Comissão
Especial da Câmara.
"A ideia é que, se houver qualquer tipo de
problema, seja corrigido na reforma reforma trabalhista", comentou
Pauderney.
Eunício disse que o Senado vai examinar outro
projeto, com regras mais brandas para a terceirização. O novo texto estabelece,
por exemplo, responsabilidade subsidiária e solidária das empresas contratantes
em relação aos pagamentos dos direitos sociais dos empregados sociais.
O problema é que Temer tem apenas 15 dias para
sancionar ou vetar o projeto aprovado pela Câmara, prazo considerado muito
apertado para que a outra proposta passe pelo Senado.
Fonte: Estadão